Mais ricos têm renda
39 vezes maior que os mais pobres, diz Censo 2010
Luciana Nunes Leal e
Felipe Werneck, - Agência Estado - RIO DE JANEIRO
Embora pesquisas
apontem quedas sucessivas na desigualdade de renda no Brasil, dados do Censo
2010 divulgados nesta quarta, 16, mostram que os 10% mais ricos no País têm
renda média mensal trinta e nove vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou
seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir
tudo o que ganha (R$ 137,06) durante três anos e três meses para chegar à renda
média mensal de um integrante do grupo mais rico (R$ 5.345,22). Confira tabela
no fim da matéria.
De acordo com os
dados, cidades de porte médio são as que têm maior incidência de pobreza
O IBGE também mostra
que as cidades de porte médio, com população entre 10 mil e 50 mil habitantes,
foram as que apresentaram a maior incidência de pobreza. Enquanto a proporção
de pessoas que viviam com até R$ 70 de rendimento domiciliar per capita era, em
média, de 6,3% no Brasil, nos municípios de 10 mil a 20 mil habitantes esse
porcentual era o dobro (13,7%), com metade da população nessas cidades vivendo
com até meio salário mínimo per capita. Já nas cidades com população superior a
500 mil habitantes, menos de 2% recebiam até R$ 70 per capita e cerca de um
quatro (25%) vivia com até meio salário mínimo de rendimento domiciliar per
capita.
Entre as capitais,
segundo o IBGE, manteve-se a tendência de melhores níveis de rendimento
domiciliar per capita nas regiões Sul e Sudeste. O maior valor (R$ 1.573) foi
registrado em Florianópolis (SC), onde metade da população recebia até R$ 900.
Em 17 das 26 capitais, metade da população não recebia até o valor do salário
mínimo. Entre as capitais, a pior situação foi registrada em Macapá: rendimento
médio domiciliar per capita de R$ 631, com 50% da população recebendo até R$
316. A capital do Amapá também ficou com a maior proporção de pessoas com
rendimento domiciliar per capita de até R$ 70 (5,5%) e até um quarto de salário
mínimo (16,7%). No Sudeste, o Rio registrou os maiores porcentuais de pessoas
nessas condições (1,1% e 4,5%, respectivamente). Os melhores indicadores foram
observados em Florianópolis (SC): 0,3% da população com rendimento médio mensal
domiciliar de até R$ 70 e 1,3% com até um quarto do salário mínimo.
No Brasil, os
rendimentos médios mensais dos brancos (R$ 1.538) e amarelos (R$ 1.574) se
aproximaram do dobro do valor relativo aos grupos de pretos (R$ 834), pardos
(R$ 845) ou indígenas (R$ 735). Entre as capitais, destacaram-se Salvador, com
brancos ganhando 3,2 vezes mais do que pretos; Recife (3,0) e Belo Horizonte
(2,9). Quando analisada a razão entre brancos e pardos, São Paulo apareceu no
topo da lista, com brancos ganhando 2,7 vezes mais, seguida por Porto Alegre
(2,3).
Os homens recebiam no
País em média 42% mais que as mulheres (R$ 1.395, ante R$ 984), e metade deles
ganhava até R$ 765, cerca de 50% a mais do que metade das mulheres (até R$
510). No grupo dos municípios com até 50 mil habitantes, os homens recebiam, em
média, 47% a mais que as mulheres: R$ 903 contra R$ 615. Já nos municípios com
mais de 500 mil habitantes, os homens recebiam R$ 1.985, em média, e as
mulheres, R$ 1.417, uma diferença de cerca de 40%.
Imagem: Robson Fernandes
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