Urgente: Necessidade de silos para armazenar a safra na região reúne prefeitos no Sindicato Rural
"A necessidade de silos para armazenamento da safra de soja da região de Santiago foi motivo de uma reunião emergencial, hoje pela manhã, no Sindicato Rural de Santiago, Unistalda e Capão do Cipó. Participaram os prefeitos de Santiago, Júlio Ruivo, acompanhado de seu vice, Antônio Carlos Gomes; Delvi Segatto de Nova Esperança do Sul; José Amélio Ucha Ribeiro de Unistalda e Alcides Meneghini de Capão do Cipó. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Lérida Pavanelo, também se fez presente.
A crise financeira na Cotrijuí é a responsável pela preocupação do setor. Os produtores da região precisam armazenar a soja e receber por ela, porém se o produto for armazenado nos silos da Cotrijuí poderá cair nas mãos dos credores da cooperativa.
Uma ação cível pública, do Ministério Público de Ijuí, sede da cooperativa, deverá solicitar que a Cotrijuí armazene a soja dos produtores sem se apoderar dela.
Já os prefeitos da região vão decretar situação de emergência nos municípios, ainda hoje, para buscarem apoio judicial a fim de uma solução para o impasse. Os quatro prefeitos que estiveram na região vão decretar emergência em seus municípios: Santiago, Unistalda, Nova Esperança do Sul e Capão do Cipó.
Tritícola deve romper com a Crotrijuí - Devido a inadimplência da Cotrijuí com a Cooperativa Regional Tritícola de Santiago, o departamento jurídico da instituição estuda a rescisão do contrato de arrendamento que a Cotrijuí possui com a Cooperativa. A crise é geral e afeta inclusive os salários dos funcionários do Supermercados de Santiago e de outros setores."
Meu comentário!
As dificuldades de armazenagem em Santiago e região, que se avizinha, não decorre somente da "Crise da COTRIJUÍ", conforme mencionado no Blog do Rafael Nemitz, acima, pois tem raízes mais profundas, vem de mais longe, desde a falência da Cooperativa Tritícola Santiaguense que, por não poder honrar os compromissos com fornecedores e associados que mantinham soja estocada, viu-se na contingência de arrendar os armazéns para a Cooperativa Serrana de Ijuí e, em contrapartida, assegurar o pagamento aos associados, em quatro parcelas anuais, dos valores equivalentes à produção depositada, mas já inexistente nos armazéns da Cooperativa.
Os associados foram vítimas de gestão temerária dos seus diretores ao se valerem sistematicamente da prática adotada em quase todas as cooperativas gaúchas, a venda antecipada de parte da safra ainda não colhida - a tradicional venda de soja verde - para obterem capital de giro, adquirir insumos e também financiar lavouras de agricultores com cadastro bancário negativo ou mesmo, produtores sem condições de acessar financiamentos na rede bancária ou junto a fornecedores de insumos privados.
Esse ciclo vicioso que perdurou durante décadas, seguramente foi umas das principais causas do endividamento externo das cooperativas, aliadas às frequentes frustrações de safras por causas naturais ou crise de preços no mercado internacional.
Não é difícil entender que a falência de uma cooperativa não ocorre somente pela inadimplência nas transações comerciais externas com o mercado e dos compromissos fiscais e tributários. Há um outro componente de grande magnitude que é o endividamento interno da cooperativa, dos associados e com os associados.
A Cooperativa Tritícola de Santiago não fugiu à regra, foi vítima de todos esses fatores citados em que sucessivas direções contribuíram, por erros ou omissões, para o desfecho que ocorreu em 2012, numa assembleia geral convocada pela atual diretoria, a fim de firmar a parceria com a Cotrijuí. Parecia ser a melhor solução, pois era a unica alternativa possível naquele momento, já que havia o compromisso formal de que seria honrado o pagamento daqueles associados, majoritariamente agricultores familiares e adimplentes, que guardavam nos silos da Cooperativa Tritícola a parcelas da safra de soja - a poupança e o capital para refinanciar as lavouras subsequentes.
Menos de um ano depois, a dura realidade, a Cotrijuí também perdeu as condições de receber e comercializar as safras por estar inadimplente e sem condições de buscar socorro financeiro no mercado - A diretoria recém empossada tenta repactuar dívidas e a obtenção de créditos especiais junto ao Governo Federal. Não sei, não conheço o cenário interno da Cotrijuí. Tomara que tenha êxito nessa missão!
Por último, um breve comentário sobre a motivação da reunião realizada no Sindicato Rural, aludida no Blog de Rafael Nemitz, com a participação dos prefeitos de Santiago, Nova Esperança do Sul, Unistalda e Capão do Cipó, do presidente do Sindicato Rural, Fernando Gonçalves e da presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Lérida Pavanelo, que decidiram decretar estado de emergência e requerer a participação do Judiciário com o objetivo de garantir o armazenamento da safra que já está em fase inicial colheita.
A decisão dos prefeitos é absolutamente necessária e indispensável para garantir a armazenagem, segurança e controle da safra pelos próprios produtores, sem que haja riscos de arresto por credores da TRITÍCOLA e COTRIJUÍ.
Vejo nessa ação emergencial dos mandatários municipais, que conta com o apoio dos Sindicatos Rurais, uma grande oportunidade para, também, requererem ao Ministério Público uma investigação sobre as causas do endividamento da Cooperativa Tritícola e o tratamento gerencial que foi dispensado aos adimplentes, inadimplentes e credores diversos, pelas direções que se sucederam nesses últimos 20 anos.
Esta é um medida que urge para encerrar definitivamente esse triste episódio, que sem os devidos esclarecimentos legais, deslustra a imagem do município, de associados e dos valores do cooperativismo como instrumento de defesa e proteção dos agricultores, ex-dirigentes e de muitos associados, que cumpriram integralmente com suas obrigações e que podem estar sendo injustiçados por versões constrangedoras.