A Zero Hora deste domingo publica um artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com o título “Sem medo do passado”, abordando, ponto a ponto, os diferentes aspectos do seu governo e do atual. Sabemos que comparar fatos do presente com o passado sempre foi uma prática corrente nos debates políticos eleitorais, inevitável e necessária, mas não pode descambar para a irracionalidade e irresponsabilidade, pois o tempo e a circunstância, de um e de outro, deve obedecer parâmetros comparativos adequados.
Não me parece que o atual presidente da República respeita a liturgia do cargo nesse campo, o que lamento. Sua biografia ficaria maior se reconhece que a história não começou quando tomou posse. O artigo de FHC pode ser lido no Zero Hora e no Blog do Noblat. A comparação pretendida pelo governo do PT mereceu a seguinte análise do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, em entrevista ao Estadão, conforme transcrevo, na integra, abaixo:
''Somos favoritos. Mas eleição será dura''
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, afirmou que o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata ao Planalto, quer comparar seu governo com o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para "esconder" a ministra candidata. "Eles (petistas) reconhecem que a candidata é fraca, que não tem suficiente currículo, que não tem experiência feita", afirmou. Guerra disse que o candidato tucano, José Serra, não fará o papel de anti-Lula na eleição de outubro e que espera do PT "terrorismo e mentira". A seguir, os principais trechos da entrevista ao Estado.
O governo insiste na tese de comparar os oito anos do presidente Fernando Henrique com os oito anos do presidente Lula. Será a eleição do passado contra o passado?
É uma comparação equivocada. Cada governo desempenha um papel em um determinado tempo social, econômico e político. Há convicção muito clara entre nós que fizemos um excelente governo. Se há o que comparar, nenhum problema de fazer essa comparação. Importante que ela seja feita inclusive agora e todo tempo. Temos que discutir nesta eleição o que vai acontecer, não adianta esconder a candidata, o que ela é, o que diz e com o que ela se compromete. O PT e seus aliados não têm confiança na sua candidata. Eles reconhecem que a candidata é fraca, que não tem suficiente currículo, que não tem experiência feita.
A que o senhor atribuiu o crescimento da ministra Dilma nas últimas pesquisas?
Nunca ninguém imaginou que a candidata do presidente da República, do governo atual, do PT, tivesse 10, 15 ou 20% de intenções de votos ou fosse para a eleição desse tamanho. Somos favoritos, mas a eleição vai ser dura. É inevitável que a candidata cresça. Mas estamos monitorando isso a cada dia. Nada além das expectativas que sempre tivemos.
O PSDB se considera favorito por quê?
Estamos na frente, temos o que dizer e temos o melhor candidato. Mas o PT também tem o que dizer. Evidente que tem o que dizer sobre o que fizeram, mas o problema é que a população vai decidir entre um candidato que pode fazer mais e muito mais e uma candidata que seguramente fará muito menos do que aquilo que foi feito. Até porque o exemplo da administração da candidata é negativo. Ela trabalha com fundamentos autoritários, não consegue produzir nada organizado, tem uma visão preconceituosa e uma cabeça muita atrasada.
O PSDB está convencido de que só vence a eleição se Aécio Neves for vice de Serra?
Nós decidimos no partido não tratar disso. Não faz sentido para nós políticos cuidar disso agora.
O que o senhor espera da campanha?
O que já começou a ser feito. Terrorismo e mentira. Documentos do Ministério do Desenvolvimento Social, de maneira explícita, levantam suspeitas que o próximo governo não deverá continuar com o Bolsa-Família. É uma ação desavergonhada e não ética. É o padrão que está sendo desenvolvido aí. Estamos enfrentando um adversário que não respeita limite, não os considera e que não faz a menor questão de falar a verdade.
O Serra será o anti-Lula na campanha?
Não. O Serra não será. O Serra tem de se posicionar, como já se posiciona, como o José Serra, do PSDB, partido que fez muito pelo Brasil e que vai fazer muito mais.
De que forma o PSDB pretende apresentar o Serra na campanha?
Não vamos precisar fazer nenhuma cirurgia nele. Ele vai ser como ele é, como foi. A gente sabe qual o candidato que nós temos e confiamos nele.
Fonte: Ana Paula Scinocca/estadao.com.br