Um estudo do Banco Mundial mostrou que a produção de biocombustíveis na África elevará os preços dos alimentos, informou na segunda-feira o jornal tanzaniano The Guardian. "Nem todos os países produzirão biocombustíveis, mas todos serão afetados pelo aumento dos preços dos alimentos e de safras não-alimentares que competem com outras utilizadas para produzir biocombustíveis", afirmou Donald Mitchell, economista-chefe do Banco Mundial, segundo a publicação.
Mitchell disse ainda que os estoques de forragens de baixo custo disponíveis das maiores indústrias de processamento de açúcar, em vários países africanos, podem ser usados para produzir etanol pela metade do custo da gasolina importada, em algumas nações que não têm acesso ao mar.
A produção de biocombustíveis pode ser usada em indústrias pesadas, como mineração e usinas de energia, para fornecer eletricidade para as comunidades rurais, de acordo com o jornal. A demanda por biocombustíveis é alta na África por causa dos preços elevados dos combustíveis, acrescentou a publicação.
Gabriela Mello, para a Agência Estado
Comento:
O Brasil começou a buscar alternativas energéticas ainda na década de oitenta, do século passado, através do PROALCOOL. Mais recentemente, o Governo Federal ampliou a matriz bioenergética utilizando outros produtos vegetais, alguns matéria-prima da indústria de alimentos, como é o caso da soja, para extração de combustível substituto do petróleo.
Durante muito tempo, o discurso do ufanista do biocombustível empolgou setores importantes da economia e do mundo político, resultando em linhas de financiamento para a implantação de complexos industriais de processamento de soja, mamona e outros, além da tradicional cana-de-açúcar.
Depois, com a descoberta das reservas de petróleo na camada do pré-sal, o discurso ufanista esqueceu do biocombustível e o petróleo pressalino passou a ser redenção energética e a solução dos problemas econômicos e sociais do país.
Isso tudo ocorreu antes da Conferência do Clima, em Copenhague – a COP 15. Agora não se ouve mais discursos nacionalistas sobre combustível vegetal; e o debate sobre o pré-sal se restringiu ao projeto de lei no Congresso, que trata do rateio dos possíveis lucros entre os estados da federação.
Na verdade, as duas fontes são importantes e necessárias ao desenvolvimento do nosso país, mas é preciso que o debate nacional saia do campo político-eleitoral e ocupe o espaço real de definição das políticas públicas de estado para consolidação e gerenciamento da matriz energética brasileira. Que contemple a participação da comunidade científica nacional na avaliação das potencialidades energéticas, também das hidrelétricas, do carvão, eólica e nuclear - todas com potenciais de expansão, mas sempre levando em conta as questões de sustentabilidade ambiental, econômicas e sociais.
Portanto, o que ocorre na África, também poderá ocorrer aqui se não tivermos juízo.
Um comentário:
Prezado Vulmar leite!
A questão aflitiva neste pertinente tema, colocado em pauta, é que nossos governantes não colocam em ação políticas públicas energéticas alicerçadas na finitude dos combustíveis fósseis, bem como o que poderá acontecer com as gerações do porvir.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
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