No Simpósio Estadual de Agroenergia que acontece em Pelotas, RS, o foco das discussões gira em torno do fomento à pesquisa e produção de etanol. Ontem, 11, foram realizados dois paineis. O primeiro enfocou o fomento à pesquisa com biocombustíveis, através de palestras apresentadas pelo coordenador do Programa de Biocombustíveis do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Rafael Silva Menezes e do diretor Científico da Fapergs, Oswaldo Luiz de Moraes. Já o segundo painel debateu o melhoramento genético de cana-de-açúcar para a região de clima temperado, reunindo dois palestrantes - Ernesto Raúl Chavann, da Argentina e João Carlos Bespalhok Filho, da UFPR/Ridesa.
Em relação ao fomento à pesquisa com biocombustíveis, Rafael Menezes informou que esse ano, o MCT já investiu 107 milhões de reais em pesquisas com agroenergia. Segundo ele, o Brasil é o maior produtor de etanol de cana-de-açúcar do mundo, e o cultivo de cana ocupa uma área de oito milhões de hectares. Em sua palestra, ele fez uma apresentação da evolução da demanda nacional de álcool, relembrando que em 1979, foi lançado o primeiro carro a álcool do país e em 2003, aconteceu o lançamento de carros que utilizam atecnologia flex fuel. “Atualmente, existem 10 milhões de carros que utilizam esta tecnologia no Brasil, onde se fabricam 29 modelos diferentes”, informou Rafael.
Oswaldo de Moraes, da Fapergs, por sua vez, asseverou que serão destinados quatro milhões para o projeto envolvendo Finep e Fapergs, reunindo uma rede de pesquisadores que já desenvolvem projetos junto a outras instituições. “Esse é um projeto estruturante de agroenergia no Rio Grande do Sul, através de produção de biodiesel, do desenvolvimento de tecnologias para o aproveitamento dos co-produtos e caracterização e controle de qualidade dos insumos-produtos”, explicou. Segundo ele, o projeto objetiva disponibilizar, de forma sistemática e integrada, um banco de dados dos parâmetros, produtos agronômicos e industriais, reunindo diversas informações relacionadas ao setor.
“Pretendemos, ainda, estabelecer uma comunidade local qualificada para sedimentação de uma interface com as iniciativas mundiais no campo da agroenergia, pois acreditamos que com uma base de inteligência local, o Estado poderá acompanhar os avanços tecnológicos e estratégicos que ocorrem no mundo e incorporá-lo à sua base de produção”, enfatizou o diretor da Fapers. Ele disse ainda que o projeto resultará na criação de uma rede de informação e de inteligência em agroenergia no Estado. Oswaldo encerrou o primeiro painel dizendo que as mudanças no uso da terra podem acabar por impactar negativamente a sustentabilidade da produção de biodiesel. “Os biocombustíveis provavelmente não conseguirão sozinhos reduzir a dependência de combustíveis fósseis”, concluiu.
Em relação ao melhoramento, o coordenador do Programa de Melhoramento de Cana-de-açúcar na Estação Experimental Obispo – Colombres, Ernesto Raúl Chavann, explica que a pesquisa se concentra em aumentar a produtividade e os rendimentos das lavouras tucumanas. “A área plantada em cana-de-açúcar na Argentina ocupa uma área de 300 mil hectares, sendo que as províncias do noroeste, Tucumán, Jujuy e Salta, respondem por mais de 90% destas plantações”, diz. O coordenador falou detalhadamente sobre o trabalho que vem sendo realizado pela Estação, inclusive com a apresentação das três novas variedades de cana liberadas para comercialização (Tucumán – TUC 95-37, TUC 97-8 e TUC 89-28).
Conforme Bespalhok Filho, da UFPR, o trabalho de melhoramento genético da cana leva de 12 a 15 anos para ser efetivado. Os especialistas buscam o ideótipo de cana para clima frio. “A variedade deve ter maturação precoce, crescimento rápido, resistência e doenças e porte adequado para colheita mecânica”, explica.
Um comentário:
Prezado engenheiro Vulmar Leite!
Considero relevante a auspiciosa notícia, que contribui para ficarmos menos dependentes dos combustíveis fósseis.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
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