sexta-feira, 6 de maio de 2011

Governo freia o consumo

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, recomendou, conforme artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, edição de hoje, 6, abaixo, que É hora de poupar, não de consumir”. Acenou com novas medidas de restrição ao crédito, além de sugerir que os consumidores devem aproveitar a elevação das taxas de juros para fazer poupança.

Não deixa de ser uma má notícia para os comerciantes, que poderão ter suas vendas reduzidas e também para os trabalhadores, pela diminuição dos postos de trabalho. Leiam:


É hora de poupar, não de consumir, sugere Tombini

Fabio Graner e Célia Froufe - O Estado de S.Paulo

Acenando com a adoção de novas medidas de restrição ao crédito, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mandou ontem um recado aos consumidores: adiem os gastos e aproveitem a alta de juros para poupar. A sugestão veio um dia depois que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou empresários a colaborar para que a inflação retorne a 4,5% ao ano.

Já preparando o terreno para a chance de o IPCA (índice oficial de inflação) estourar em breve o teto da meta definida pelo governo (6,5%) no acumulado de 12 meses, Tombini destacou que o objetivo para o BC é cumprido no ano-calendário, ou seja, de janeiro a dezembro.

"Se quiser adiar o consumo, moderar o consumo presente para consumir mais à frente, este é o momento de fazê-lo, pois o rendimento das aplicações financeiras está em elevação, em função da política monetária", disse Tombini, que participou de audiência pública de várias comissões do Congresso Nacional.

"Também é um aspecto importante não só olhar o sistema financeiro apenas pelo lado do crédito, mas também como oportunidade de investimento financeiro, em particular em um momento em que a remuneração dos investimentos se eleva", acrescentou, destacando que o processo crescente de bancarização dos brasileiros aumenta a eficácia da política monetária.

Além desse efeito de substituição de consumo por poupança, a alta de juros também afeta a economia pelo crédito (os financiamentos ficam mais caros) e das expectativas do setor privado (que vê o BC atuando e, com isso, fica menos disposto a fazer remarcações).

Ele reafirmou o discurso da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre papel prioritário da taxa básica de juros (Selic) no combate à inflação. "Nunca abdicamos da Selic." Mas ele também destacou a importância das medidas macroprudenciais (que restringem o crédito) nesse trabalho. E indicou que novas ações podem ser adotadas.

"Não abandonamos as medidas macroprudenciais doravante. Vamos usar as medidas macroprudenciais, que também têm efeito no mercado de crédito, que é parte relevante da economia." Ele afirmou que as medidas já começaram a fazer efeito e disse acreditar que o crédito crescerá este ano no nível considerado adequado pelo BC (entre 10% e 15%, abaixo dos 20% observados nos últimos 12 meses). "Há um esforço articulado em várias frentes no combate à inflação."

Segundo o ministro, desde o fim de março o BC sinaliza a ideia de um ciclo de aperto monetário mais longo, mas com ritmo menor de alta dos juros. Ele reiterou que o BC trabalha para garantir que a inflação retorne ao centro da meta (4,5%) em 2012, mas ressaltou que os efeitos das medidas não são imediatos.

Câmbio. Tombini afirmou que a valorização cambial tem ajudado "um pouco menos" o governo no combate à inflação. E deu ênfase à necessidade de se moderar os fluxos de capitais ao Brasil de modo a evitar uma expansão excessiva do crédito e um combustível extra à alta de preços.

"Alguns fluxos cresceram muito, e muito rapidamente, gerando preocupação sobre seu impacto inflacionário e sobre o risco de instabilidade financeira, no momento em que a situação melhorar lá fora e eles (os recursos estrangeiros) saírem do Brasil. O BC está monitorando e procurando minimizar esses riscos."

Fonte: Fabio Graner e Célia Froufe - O Estado de S.Paulo 

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