sábado, 13 de outubro de 2012

CENÁRIO PREOCUPANTE NA ECONOMIA

Inflação se espalha e alta de preços já atinge dois terços de produtos e serviços

Márcia De Chiara, de O Estado de S. Paulo

A recente alta da inflação, que chegou a 0,57% em setembro, foi atribuída principalmente aos efeitos da seca nos Estados Unidos sobre o preço dos alimentos. Mas especialistas perceberam uma tendência mais preocupante no resultado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

A alta dos alimentos não é fenômeno isolado e passageiro. Segundo alguns economistas, a pressão inflacionária está se espalhando e atingindo um número cada vez maior de produtos e serviços. Como a economia voltou a crescer, aumentou o risco de que a inflação suba de patamar ou fique em um nível elevado por muito tempo - mesmo se os preços dos alimentos caírem.

Em setembro, dois terços dos itens que compõem o IPCA tiveram alta de preços, segundo cálculos da Rosenberg Consultores. Esse é o maior resultado do índice de difusão - disseminação de alta de preços - desde janeiro (69,01%). O índice de difusão de setembro ficou acima do de agosto (65,48%) e da média mensal desde janeiro de 2007 (63,56%).

Houve também maior disseminação da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe. Em setembro, 462 itens respondiam por 38% da alta do IPC-Fipe e seis por 62%. Já na primeira quadrissemana deste mês, a fatia dos 462 itens foi ampliada para 55% do índice.

"A trajetória de aumento do índice de difusão no contexto atual de aceleração da atividade é preocupante", diz a economista da Rosenberg Consultores, responsável pelo índice de difusão, Priscila Godoy. Ela diz que a aceleração do IPCA, que saiu de 0,08% em junho para 0,57% em setembro, foi desencadeada pelo choque pontual na oferta de produtos agrícolas provocado pela seca nos EUA.

Mas o que se vê agora é que outros produtos e também os serviços estão na esteira desses aumentos. O impacto do choque agrícola no Índice Geral de Preços, que indexa vários contratos, como os de aluguel, e deve fechar o ano em torno de 9%, amplia automaticamente a disseminação para outros segmentos. "A atividade se recuperando sanciona os repasses", diz o economista-chefe da Sul América, Nilton Rosa. Para ele, a difusão elevada da inflação inspira cuidados.

A tese não é unânime. O discurso do governo é de que, superados os problemas climáticos que provocaram alta dos alimentos, haverá um alívio na inflação. Na semana passada, o Banco Central até reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual, para acelerar ainda mais a economia.

Mas o BC não está tranquilo com a inflação. Além da decisão do Comitê de Política Monetária não ter sido unânime, o comunicado oficial registrou que o banco vai parar de reduzir os juros por período "suficientemente prolongado", para fazer a inflação convergir para a meta. Em 12 meses até setembro, o IPCA acumula 5,28%. O resultado está acima do centro da meta, de 4,5%.

Um comentário:

Amábilo Alcântara disse...

Inflação cai e índice fica em 0,42% em outubro
AGÊNCIA BRASIL 17/10/2012 12h39

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) foi 0,42% em outubro deste ano. A taxa é inferior à registrada em setembro (1,05%), segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).

A queda foi influenciada exclusivamente pelos preços no atacado. A taxa do subíndice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu de 1,4% em setembro para 0,4% em outubro.

O destaque foi o preço dos alimentos in natura, que apresentou deflação (queda de preços) de 1,92% em outubro. Em setembro houve inflação de 1,1%.

Outros dois subíndices que compõem o IGP-10 tiveram alta no período. O Índice de Preços ao Consumidor passou de 0,42% em setembro para 0,57% em outubro. A principal influência para essa subida da inflação veio do grupo vestuário, que passou de uma deflação de 0,36% para uma inflação de 0,97%.

O Índice Nacional de Custo da Construção subiu de 0,17% para 0,24% em setembro devido alta dos materiais, equipamentos e serviços, que passaram de 0,35% para 0,5%.

O IGP-10 de outubro foi medido com base em preços coletados entre os dias 11 de setembro e 10 deste mês. O índice acumula alta de 7,05% no ano e 7,71% nos últimos 12 meses.

O Índice Geral de Preços é uma média do Índice de Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no Rio de Janeiro e São Paulo e o Índice Nacional do Custo da Construção Civil (INCC). É mais usado em contratos de longo prazo.

A meu ver o cenário pintado merece alguns retoques.