Depois de ler a crônica "O som e o cuspe" de José Pedro Goulart, publicada em Zero Hora, 16, fiquei mais condescendente com o som das vuvuzelas que infernizam nossos ouvidos, durante as transmissões dos jogos da Copa, na África do Sul.
O articulista Goulart faz uma especulação sociológica do evento grandioso e televisivo, em todos os quadrantes do mundo milhões de pessoas ouvem, em muitos momentos, o barulho ensurdecedor das cornetas africanas durante as partidas de futebol, ao afirmar que “talvez a corneta plástica barulhenta dos torcedores africanos seja um lamento. Algo que vem sendo afinado há anos, uma grande orquestra de caprichosos e concatenados: quando um para, outro segue. Nunca antes da história da África tantos conseguiram se manifestar tanto por uma mesma causa: “olhem, ouçam, estamos aqui!”.
Não estamos muito longe, pouco mais de um século se passou, quando os lamentos e gritos dos escravos foram ouvidos pelos brasileiros, encerrando longa e vergonhosa escravidão dos negros africanos, que perdurou por quase quatro séculos
As vuvuzelas agora soam como um canto ancestral dos nativos da costa africana, que foram trazidos a ferros, nos porões dos navios, para trabalhar nas lavouras do nosso país. É esse o sentimento que elas evocam.
Um comentário:
Prezado engenheiro Vulmar Leite!
Muito oportuna sua decisão em publicar no seu palpitante espaço cibernético, considerações sobre a crônica "O som e o cuspe", de autoria de José Pedro Goulart!
Aprecio sobremaneira inquirir o que dá origem a certos usos e costumes, como por exemplo estas vuvuzelas, que deixam-me exasperadíssimo... Seu viés é pertinente, porque trouxe à baila o odioso regime escravocrata, que perdurou por um longo tempo na história do nosso pais, durante os períodos que estávamos sob a égide do reino distante além-mar e do Império.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
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