quinta-feira, 11 de outubro de 2012

POR QUE ACEITEI CONCORRER

Mesmo sabendo que era uma eleição praticamente impossível de vencer, não fugi da minha responsabilidade de cidadão e de membro de um partido político que se opõe ao modelo conservador e clientelista de governar Santiago. Sabia, desde o primeiro momento, que não venceríamos a eleição, não só pela divisão das forças oposicionistas, mas, principalmente, pela força dos situacionistas. Não é preciso dizer que o partido da situação, há 16 anos na prefeitura, montou uma máquina eleitoral imbatível na atual conjuntura política de Santiago.
 
Os partidos de oposição silenciaram como instâncias programáticas do contraditório às ações dos governos municipais nesta última década, mais do que isso, importantes quadros partidários foram cooptados pelo oficialismo, não só na militância como também no próprio Legislativo, pela distribuição de benesses, tais como, estágios remunerados para familiares; contratos em organizações conveniadas responsáveis por serviços terceirizados; cargos de confiança para parentes; além da intermediação clientelista de obras e de serviços públicos necessários à população.
Este conjunto de ações praticadas pelos últimos governos municipais transformou os partidos de oposição num aglomerado de pessoas idealistas e indignadas, mas absolutamente desarticuladas organicamente, e sem a estrutura partidária necessária para se contraporem com candidaturas competitivas ao executivo municipal.
Nos últimos anos, mesmo afastado das rotinas de Santiago, por força de missões profissionais e políticas que exerci no governo estadual, nunca deixei de acompanhar os desdobramentos da vida comunitária, mesmo mantendo certo distanciamento da militância partidária local.
No período pré-eleitoral, já plenamente reintegrado às rotinas do cotidiano do município, continuei afastado da atividade partidária e predisposto a não mais participar da vida política, por opção pessoal e por desinteresse da executiva municipal do PSDB que, em nenhum momento, me convocou para debater questões políticas locais. Mesmo assim, no encerramento da convenção municipal do partido, fui compelido a compor, em nome do PSDB, com o PMDB e o PTB, para que houvesse candidatos ao executivo municipal que representassem estes três tradicionais partidos oposicionistas, retribuindo ao acordo celebrado em 2008.
Não abandonei, mais uma vez, os companheiros nas horas difíceis, pois havia sério risco de não haver candidatura majoritária patrocinada por esses partidos. Senti, na ocasião, que o dever de militante partidário e de cidadão consciente exigia minha participação, mesmo que isso pudesse gerar incompreensão e insatisfação de amigos e de companheiros históricos de caminhada. Falou mais alto o dever cívico e o compromisso partidário.
Ausente do pleito, não teria oportunidade de destacar e demonstrar os erros, equívocos e manipulações impostas à comunidade de Santiago, pelo governo midiático do partido governista.
Dificilmente a população iria ter conhecimento pleno de que as obras de asfaltamento no centro foram feitas de afogadilho, sem a observância de critérios e rigores técnicos que qualquer obra realizada com dinheiro público deve respeitar. Também não saberiam que uma consulta médica demora até um mês pra ser atendida e que um exame complementar pode ultrapassar o prazo de um ano para ser realizado.
Certamente desconheceriam as relações promíscuas das organizações não governamentais conveniadas com a prefeitura, que realizam serviços terceirizados, funcionando como verdadeiros aparelhos partidários, custando o equivalente à metade da folha de pagamento dos servidores efetivos e constituindo-se numa disfarçada folha paralela em relação a oficial.
Há muitas outras questões importantes que conseguimos transmitir ao povo de Santiago e que estavam acobertadas por certa mídia local, sabidamente caudatária de vultosos repasses de verbas públicas, pois somente divulgam o que interessa para os governantes locais, com raras exceções. A mídia impressa, rádios e blogs, invariavelmente se omitem de publicar manifestações que contrariem a versão dos fatos proclamados pelos agentes municipais. Perde a comunidade, porque não há o contraditório tão necessário para que se consolidem as verdades sobre os resultados das ações de governo e se constituam em oportunidades para aperfeiçoamento e correção de rumos da própria administração municipal.
A realidade de Santiago não é o "mar de rosas" propagandeado pela mídia, muito antes pelo contrário, há enorme sofrimento da população mais carente que necessita da proteção do aparato público. O que se vê é um governo municipal divorciado e insensível aos reclamos dos segmentos mais humildes.
Outro fato que incomoda a muitos é a postura preconceituosa dispensada aos candidatos de oposição, principalmente se não nasceram em berço de ouro e não são serviçais aos “donos da cidade”. Estes são alvos de toda a sorte de maledicências e demonização - prática covarde e mesquinha recorrente, pois enquanto os seus companheiros-candidatos, embora possuam ficha nada limpa e sejam detentores de extensa folha corrida, são transformados e tratados como se fossem beatos e exemplos de virtudes.
Pretendo continuar utilizando as redes sociais para fazer o contraponto, propor sugestões e fazer as críticas necessárias e responsáveis que possam contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas.
Aproveito para cumprimentar os eleitos para o Executivo e Legislativo, desejando felicidade pessoal e que realizem um bom trabalho para o povo de Santiago.
Da mesma forma, registro os meus mais sinceros agradecimento a todos os eleitores que confiaram no nosso nome, e que fique a certeza de que não cessarei minha luta em favor de uma cidade mais próspera e fraterna.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sábias palavras Vulmar.

Anônimo disse...

Vulmar, a corrida para 2016 tem que começar agora. Mas, por favor, com nomes que sejam consenso dentro da comunidade, e não cedendo simplesmente a prioridades partidárias.

[Max]

Anônimo disse...

Eisso ai vulmar isso tudo um dia vai acabar dai santiago vai andar pra frente nos nao vamos se entregar.

Anônimo disse...

A vitória!,A derrota !não se explica ,simplesmente analise o pq!
Cada batalha tem seu tabuleiro o estudo profundo,para liquidar - cheque mate !