sábado, 12 de abril de 2014

CARTA AO BLOG DO JORNALISTA JÚLIO PRATES

Durante algum tempo eu considerei o jornalista Júlio Prates como porta-voz oficioso do PP e especialmente do ex-prefeito Francisco Gorski, que todos sabem, mantiveram entre si, sólida amizade que, certa vez, o Júlio Prates, em conversa reservada comigo, justificou sua lealdade ao Francisco Gorski. Confesso que as razões que me apresentou foram suficientes para compreender, reconhecer e respeitar a sua fidelidade e admiração ao saudoso amigo, precocemente ceifado do nosso meio.

Entretanto, não são compreensíveis as relações de colaboração e fidelidade, do ponto de vista político, aos setores conservadores de Santiago. Sua persistente tentativa de carimbar Marco Peixoto e Ruderson Mesquita como possíveis candidatos apoiados pela oposição, como contraponto ao continuísmo conservador de Santiago, é incompreensível e inaceitável. Sei de que devota grande amizade a Ruderson Mesquita, e acredito que seja correspondido, pois o exalta frequentemente nas postagens que publica no seu blog, sobre temas que envolvem o Hospital de Caridade e outros aspectos relacionados às ações do empresário Mesquita Sobreira.

Todavia, é inegável que Júlio Prates, que tem formação política e ideológica de esquerda e que até já foi candidato a prefeito de Santiago pelo PT, em 2008, e sabe melhor do que ninguém que Marco Peixoto tem vínculos imemoriais com o conservadorismo pepista do município, embora sua prática política contemporânea não encontre mais a necessária sustentação para continuar representando esse partido em Santiago, em futuros pleitos. Não pode, por um passe de mágica, se transfigurar num líder das melhores tradições oposicionistas. Da mesma forma, o empresário Mesquita Sobreira (não sei nada sobre a data de sua filiação a qualquer partido político), mas sei que está filiado ao PP, nada a opor, afinal ele é o herdeiro político de Irmo Sagrilo, um quadro histórico do PP (e de seus antecessores), que embora nunca tenha sido candidato a cargos eletivos, exerceu, como poucos, fortíssimo protagonismo político nos pleitos municipais ocorridos no último meio século. Ruderson Mesquita Sobreira é, inequivocamente, o legítimo herdeiro político de seu sogro, Irmo Sagrilo, mas, é claro, com as devidas diferenças de práticas, estilos e visões de mundo que as circunstâncias históricas, experiências individuais vivenciadas por um e outro, os tornam seres humanos diferentes.

Nada tenho de pessoal contra Marco e Irmo, pelo contrário, gosto muito deles como seres humanos e pessoas empreendedoras da nossa comunidade, pois mesmo em campos opostos nos embates políticos em que participamos no passado, o diálogo, o respeito e a fraternidade sempre se mantiveram intactas entre nós. Quando ao senhor Mesquita Sobreira, embora reconheça sua capacidade administrativa e gerencial, já não posso dizer a mesma coisa, pois privei da sua amizade nos bancos escolares (URI) e em algumas visitas que fiz ao hospital. Infelizmente, não teve a mesma maturidade dos outros para saber separar a crítica à pessoa jurídica, no caso ao administrador do HCS, do ser humano e cidadão integrante permanente da nossa comunidade. Criticado nas suas ações de gestor público no HCS, incontinenti, rompeu relações cordiais que mantinha comigo. Paciência.

Ao longo da minha vida aprendi a respeitar e admirar quem teve a coragem de mudar suas posições, convicções, crenças e valores, quando motivados pelo conhecimento, saber, experiências e releituras da realidade vivenciada. Em contrapartida, sempre questionei e desconfiei de pessoas que mudaram posições e conceitos, meramente estimulados por valores materiais e fisiológicos.


Não posso negar, que mesmo discordando de muitas posições, reflexões, estratégias e críticas que recebo, que considero injustas, do jornalista Prates, não posso deixar de reconhecer de que ele é um dos raros santiaguenses que tem a coragem de expor, com altivez e desassombro, as inúmeras contradições e mazelas de nossa sociedade conservadora e reacionária, cujas reações quando expressadas por outros santiaguenses são rapidamente silenciadas pelo rolo compressor da intolerância e do poder econômico. É, em respeito a esse viés contestador, indisciplinado e revolucionário de Júlio Prates, que me atrevo a contestar suas assertivas que, a meu juízo, são equivocadas.

Nenhum comentário: