Durante algum tempo eu considerei
o jornalista Júlio Prates como porta-voz oficioso do PP e especialmente do
ex-prefeito Francisco Gorski, que todos sabem, mantiveram entre si, sólida
amizade que, certa vez, o Júlio Prates, em conversa reservada comigo, justificou
sua lealdade ao Francisco Gorski. Confesso que as razões que me apresentou foram
suficientes para compreender, reconhecer e respeitar a sua fidelidade e
admiração ao saudoso amigo, precocemente ceifado do nosso meio.
Entretanto, não são compreensíveis
as relações de colaboração e fidelidade, do ponto de vista político, aos
setores conservadores de Santiago. Sua persistente tentativa de carimbar Marco
Peixoto e Ruderson Mesquita como possíveis candidatos apoiados pela oposição,
como contraponto ao continuísmo conservador de Santiago, é incompreensível e
inaceitável. Sei de que devota grande amizade a Ruderson Mesquita, e acredito
que seja correspondido, pois o exalta frequentemente nas postagens que publica
no seu blog, sobre temas que envolvem o Hospital de Caridade e outros aspectos relacionados
às ações do empresário Mesquita Sobreira.
Todavia, é inegável que Júlio
Prates, que tem formação política e ideológica de esquerda e que até já foi
candidato a prefeito de Santiago pelo PT, em 2008, e sabe melhor do que ninguém
que Marco Peixoto tem vínculos imemoriais com o conservadorismo pepista do
município, embora sua prática política contemporânea não encontre mais a
necessária sustentação para continuar representando esse partido em Santiago,
em futuros pleitos. Não pode, por um passe de mágica, se transfigurar num líder
das melhores tradições oposicionistas. Da mesma forma, o empresário Mesquita Sobreira
(não sei nada sobre a data de sua filiação a qualquer partido político), mas
sei que está filiado ao PP, nada a opor, afinal ele é o herdeiro político de
Irmo Sagrilo, um quadro histórico do PP (e de seus antecessores), que embora
nunca tenha sido candidato a cargos eletivos, exerceu, como poucos, fortíssimo
protagonismo político nos pleitos municipais ocorridos no último meio século.
Ruderson Mesquita Sobreira é, inequivocamente, o legítimo herdeiro político de
seu sogro, Irmo Sagrilo, mas, é claro, com as devidas diferenças de práticas, estilos
e visões de mundo que as circunstâncias históricas, experiências individuais
vivenciadas por um e outro, os tornam seres humanos diferentes.
Nada tenho de pessoal contra Marco
e Irmo, pelo contrário, gosto muito deles como seres humanos e pessoas empreendedoras
da nossa comunidade, pois mesmo em campos opostos nos embates políticos em que
participamos no passado, o diálogo, o respeito e a fraternidade sempre se
mantiveram intactas entre nós. Quando ao senhor Mesquita Sobreira, embora
reconheça sua capacidade administrativa e gerencial, já não posso dizer a mesma
coisa, pois privei da sua amizade nos bancos escolares (URI) e em algumas
visitas que fiz ao hospital. Infelizmente, não teve a mesma maturidade dos
outros para saber separar a crítica à pessoa jurídica, no caso ao administrador
do HCS, do ser humano e cidadão integrante permanente da nossa comunidade. Criticado
nas suas ações de gestor público no HCS, incontinenti, rompeu relações cordiais
que mantinha comigo. Paciência.
Ao longo da minha vida aprendi a
respeitar e admirar quem teve a coragem de mudar suas posições, convicções,
crenças e valores, quando motivados pelo conhecimento, saber, experiências e
releituras da realidade vivenciada. Em contrapartida, sempre questionei e
desconfiei de pessoas que mudaram posições e conceitos, meramente estimulados
por valores materiais e fisiológicos.
Não posso negar, que mesmo
discordando de muitas posições, reflexões, estratégias e críticas que recebo, que
considero injustas, do jornalista Prates, não posso deixar de reconhecer de que
ele é um dos raros santiaguenses que tem a coragem de expor, com altivez e
desassombro, as inúmeras contradições e mazelas de nossa sociedade conservadora
e reacionária, cujas reações quando expressadas por outros santiaguenses são rapidamente silenciadas
pelo rolo compressor da intolerância e do poder econômico. É, em respeito a
esse viés contestador, indisciplinado e revolucionário de Júlio Prates, que me
atrevo a contestar suas assertivas que, a meu juízo, são equivocadas.
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