Em entrevista à imprensa, Osmar Pinto, pesquisador do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), descartou a possibilidade de que raios tenham provocado o apagão de terça-feira, que deixou metade do país às escuras: “Foi uma tempestade normal nesta região do país, durante o período do apagão. Ou seja, dez minutos antes e dez minutos depois, nós tivemos 25 raios na região. Isso significa quase que com um raio a cada dois minutos, que não é quantidade de raios muito grande.”
Mais tarde, o INPE divulgou uma nota em que parecia amaciar um pouco a negativa. “O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) irá preparar uma relatório técnico, a ser entregue ao Operador Nacional do Sistema (ONS), em que analisa as condições atmosféricas no Brasil durante a noite de terça-feira, quando ocorreu o apagão. Para isso, os técnicos do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) e do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ambos do INPE, estão analisando em conjunto os dados sobre as descargas atmosféricas (raios) e demais fatores meteorológicos, como intensidade dos ventos e chuvas.”
Como o INPE é um órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, está sujeito a pressões políticas, mas seus técnicos têm uma reputação a zelar. O último parágrafo da nota não deixa a menor dúvida sobre os elementos de convicção do órgão:
“Segundo os especialistas do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do INPE, embora houvesse uma tempestade na região próxima a Itaberá, com atividade de raios no horário do apagão, as descargas mais próximas do sistema elétrico estavam a aproximadamente 30 km da subestação e cerca de 10 km distantes de uma das quatros linhas de Furnas de 750 kV e a 2 km de uma das outras linhas de 600 kV, que saem de Itaipu em direção a São Paulo.
Para os especialistas do ELAT/INPE, a baixa intensidade da descarga registrada (menor que 20 kA) não seria capaz de produzir um desligamento da linha, mesmo que incidisse diretamente sobre ela, segundo dado da Rede Brasileira de Detecção de Descargas (BrasilDat), que no momento do apagão estaria operando com ótimo desempenho. Em geral, apenas descargas com intensidade superiores a 100 kA, atingindo diretamente uma linha, poderiam causar um desligamento de linhas de transmissão operando com tensões tão elevadas como as linhas de Itaipu (duas de 600 kV e duas de 750 kV).”
Melhor faria o governo se falasse claro com a população, ao invés de achar desculpas esfarrapadas para o acontecido, facilmente desmentidas, e tratasse de melhorar a gestão do sistema elétrico, que parece ser frágil.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário