"
Chegamos a mais um domingo. Aqui em casa tudo calmo. As crianças foram passar o dia fora e o novo CD do Papas da Língua embala a tranquila manhã. A cada minuto as ideias surgem, quase que do nada. Domingo é isso, dia de descansar, recarregar as energias e já planejar a semana nova que chega.
Na internet faço uma análise de tudo que ocorreu na semana. Dou mais uma olhada em jornais, blogs e postagens. É incrível, mas a cada dia fica mais evidente, pelo menos para mim, o ‘SISTEMA’ construído, que prevalece na “Terra dos Poetas” há décadas’. É um SISTEMA dominante, que articula, manipula, divulga e promove quem faz parte dele. Este mesmo ‘SISTEMA’ esmaga, aniquila, destroi todos aqueles que não se corrompem a ele. Todos que discordam ou que tentam mostrar o que nele acontece.
Outra coisa interessante é como este SISTEMA é temido, até mesmo pelos seus adversários, ou por aquelas pessoas que ‘deveriam’ combatê-lo. Convenhamos, são poucas as pessoas que tentaram ou ainda buscam vencê-lo. Também precisamos estar cientes que o tal SISTEMA está longe de acabar. Isso porque um de seus braços atua exatamente na maquiagem do que ocorre. A população recebe a informação que convém ao SISTEMA.
Repercute e ganha proporção aquilo que interessa a este SISTEMA. O que não é relevante ou importante é automaticamente amordaçado, descartado, emudecido. Não flui de forma alguma, até porque o SISTEMA é articulado, bem construído, gigantesco. As proporções são infinitamente maiores e não é possível uma comparação.
Em muitos lugares ouvimos a frase: “Cada população tem o governo que merece”. Em Santiago o correto seria dizer: “Cada cidade tem o SISTEMA que merece”. Passa ano e entra ano e as reclamações são as mesmas. Em todos os bairros, ruas, cidades e botecos as mesmas coisas são ditas, as mesmas pessoas reclamam, se queixam e sentem as consequências. Entretanto o SISTEMA prossegue impetuoso, majestoso, soberbo.
A aprovação ao SISTEMA não pode ser creditada à população. O próprio SISTEMA atua nesse sentido. A maquiagem é feita e muito bem feita. Para a população chega aquilo que interessa e da maneira que interessa ao SISTEMA. Resta concordar, pois ele atua em várias frentes e em vários locais. Basta alguém assumir alguma função representativa, em algum organismo local para restar duas opções a esta pobre alma: Aceitar e se corromper ou aguentar e sentir na pele a ira do SISTEMA atuando no íntimo, no pessoal, vasculhando todo um passado, uma história, uma família. Vem à tona tudo que de errado, de podre já aconteceu. Não interessa saber que todos erram, que todos são humanos possuem qualidades e defeitos. A pessoa que não se corrompe e enfrenta o SISTEMA sofre com o avacalho. É um linchamento moral nunca antes visto. E olha que não estou aqui exagerando, por mais que você, que está lendo este texto agora, pense desta forma. É assim que as coisas funcionam, é desta FORMA que o SISTEMA atua.
Você já pararam para observar algumas questões como, por exemplo, as eleições para presidência de bairros. Alguns grupos perpetuam-se frente às comunidades por décadas. Em períodos eleitorais, para quem este grupo trabalha incansavelmente, em sua maioria? É por ai que o SISTEMA começa a atuar. As decisões não são tomadas pelas associações de moradores? Portanto cabe estar à frente destes órgãos para poder, de maneira direta e indireta, atuar sobre as decisões.
Também cabe a estes órgãos receber e reivindicar melhorias, necessidades. Por que então não existe um incentivo maior, uma valorização dessas associações? Por que poucas pessoas conhecem o líder maior de seu bairro? Por que poucas pessoas participam de decisões ou têm suas reivindicações ouvidas? Por que, ao visitarmos os bairros de Santiago, ouvimos cada vez mais pessoas se lamentando, reclamando e denunciando o SISTEMA? Por que quando o SISTEMA sofre o risco de perder um destes órgãos representativos dos bairros, uma campanha gigantesca se inicia, tudo para beneficiar e dar a vitória àquele grupo que interessa ao SISTEMA?
Estou aqui mentindo e falando bobagem? Cadê a UABS então (União das Associações de Bairros de Santiago)? Esta entidade deveria ser uma das maiores da cidade, pois esta diretamente ligada e defendendo os interesses de todas as comunidades, do bairro Ana Bonato ao Atalaia. Desde que a UABS se envolveu em denúncias (lembram do caso UABS?), jamais se ouviu falar dela. O que aconteceu? Não interessa ao SISTEMA que as comunidades tenham voz e representatividade? Com uma UABS forte as reivindicações ganhariam força e tomariam proporções maiores?
Onde estão os sindicatos e os partidos de esquerda, que tanto falam e defendem este tipo de organização e atuação? Em Santiago não existe isso? Este é um assunto amplo, que deve ser aprofundando ao longo do tempo. Linhas não são suficientes para falar sobre o SISTEMA. Seriam necessárias horas, dias, semanas, páginas e páginas. O pior é pensar que falo isso por falar.
Aquelas pessoas realmente interessadas em acabar com o SISTEMA, que deveriam atuar diretamente e claramente de forma contrária a ele, se calam. Não sei os motivos, mas estão quietas, mudas. Teriam as sucessivas vitórias do SISTEMA aniquilado estas pessoas? Ou teriam estas pessoas se corrompido ao SISTEMA? Xiiiii...esqueci, tem a outra possibilidade: O SISTEMA pode ter ameaçado aniquilar estas pessoas e assim elas temem. Cada população tem o governo que merece! Cada cidade tem o SISTEMA que merece. Cada município tem a oposição que merece. Volto ao longo da semana para prosseguir neste assunto!"
Uma análise realista, lúcida e corajosa que merece ser refletida pelas pessoas que querem viver numa comunidade mais justa, mais fraterna e com oportunidades iguais para todos. Este tema precisa ficar na agenda da nossa terra. Parabéns, Diogo Brum!