
Um levantamento realizado pelo gabinete do senador Demóstenes Torres (DEM) revela que há na Constiuição Brasileira 351 artigos cuja vigência é condicionada à aprovação de uma lei que os complemente. A Câmara e o Senado já trabalham na regulamentação de 209 artigos e continuam pendentes de aprovação 142 leis previstas no texto constitucional; 62 dispõem de projetos já apresentados; para 80 nem projetos há.
A oito meses de fazer aniversário de 21 anos, a Constituição é, ainda, uma obra inacabada. Em termos práticos, alguns dos direitos advindos da Constituinte de 88 não podem ser exercitados em sua plenitude.
Antevendo a encrenca futura, os próprios constituintes incluíram no texto da Constituição um antídoto para o veneno - o mandado de injunção, um tipo de recurso usado para requerer ao Judiciário que obrigue o Legislativo a regulamentar os artigos inconclusos. Acionado, o STF já mandou ao Congresso um sem-número de decisões em que solicita pressa na aprovação de leis complementares específicas.
Na Câmara e no Senado a maioria das demandas do Supremo não são ouvidas. Algumas delas adormecem nas gavetas do Congresso há mais de 15 anos. Cansados, os ministros do STF passaram a “legislar”. O exemplo mais eloquente foi uma decisão tomada no ano passado, referente ao direito de greve dos servidores públicos. Um direito reconhecido na Constituição, mas condicionado à regulamentação de uma lei que jamais foi aprovada. Provocado, o STF decidiu impor ao funcionalismo público, por analogia, as mesmas regras da lei 7.783, que regula as paralisações na iniciativa privada. Um remendo.
O senador Demóstenes Torres, homem de leis, promotor público licenciado, está em vias de assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e já decidiu agir. Quer constituir um grupo de trabalho para verificar os artigos constitucionais inconclusos.
Demóstenes conversou com os presidentes do Senado, do STF e com o ministério da Justiça. E chegou-se a um acordo para a criação de uma comissão formada por assessores qualificados, para redigir os projetos que, quando prontos, irão à discussão. O senador sonha em apresentar todos ainda em 2009 e votar pelo menos a metade até o final do ano. Vai ficar sonhando.
Os parlamentares das duas Casas têm interesses outros a tirar-lhes o sono neste ano. E no que vem também...
Fonte: Blog do Josias de Souza
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