Com a pretensão de estimular o debate sobre o processo eleitoral que se desenvolverá em Santiago, pós eleições gerais de 2014, com a necessária antecedência, tomei a liberdade de compartilhar algumas reflexões sobre as possibilidades dos partidos locais e seus respectivos representantes que poderão ser protagonistas nas próximas eleições municipais.
Começo pelo partido que comanda o País e o Estado e que poderá continuar governando ou estar na oposição durante o próximo pleito, mas isso poderá ser irrelevante, pois na última eleição municipal o tão desejado "alinhamento das estrelas" não se concretizou nas três esferas de poder, União, Estado e Município. O nome do PT é, inegavelmente, o da vereadora Iara Chagas Castiel, que tem história no enfrentamento ao continuísmo conservador herdada da militância no MDB e PDT. Iara Castiel é a principal referência do PT em Santiago, por ser vereadora, combativa, ideologicamente identificada com os segmentos sociais historicamente oprimidos e tem condições pessoais de legitimar-se para concorrer à prefeitura de Santiago pelo PT. Outras apostas? Antônio Bueno, sempre está fardado para servir ao partido, trata-se de um quadro histórico com posições claras e firmes e que tem respeitabilidade na comunidade e, talvez, o professor Rogério Anése, poderia ser uma novidade no processo político, pois reúne um conjunto de predicados que poderia torná-lo potencialmente um bom candidato, com larga possibilidade de aceitação em diversos setores da comunidade.
O PTB é outro partido com assento no Poder Legislativo e, por conseguinte, deve ter pretensões executivas no próximo pleito. Atualmente ocupa a presidência do Legislativo através de composição com o PP. O PTB é uma legenda que funciona de acordo com os interesses do seu líder maior, o vereador Sandro Palma. Logo suas possibilidades de patrocinar uma candidatura ao Executivo municipal, novamente, dependerá da vontade do seu líder maior. Sandro Palma poderá ser candidato a prefeito, mas dificilmente obterá a parceria de outros partidos, exceto se conseguir filiar o jornalista João Lemes, que sempre lhe deu guarida no jornal Expresso, além de ter o presidente do Partido como seu seu sogro. João Lemes, contestado por muitos e amado por outros tantos, pode ser um candidato surpresa em 2016, mas o mais provável é que Sandro Palma e João Lemes permaneçam na base de apoio do atual partido que governa o município.
O PDT, com o vereador Nelson Abreu, o mais votado, e forte expressão em Santiago, tem bons nomes, Alceu Nicola, disparadamente o melhor candidato, que honraria qualquer partido, mas não creio que queira concorrer, os prováveis nomes continuariam sendo os de Mauro Burmann, Everaldo Gavioli, Paulo Garcia Rosado e o historiador Fábio Monteiro. Apesar de Mauro Burmann ter perdido a oportunidade histórica de ser o candidato de todos os partidos de oposição com reais chances de vencer o último pleito, não aceitou a missão. As razões de sua negativa ainda são controversas para mim. Salvo novas filiações, são estes os nomes de referência do PDT.
O PSD, a agremiação caçula do cenário político local, conta com nomes expressivos para as eleições municipais, Guilherme Bonoto Behr, o líder de maior expressão seria o candidato natural, mas outros nomes respeitáveis como o empresário João Bordinhão e o servidor público federal, João Pedro Peruffo Filho. São nomes dignos, profissionais competentes e que muito bem poderiam representar a nossa terra como chefe do Poder Executivo Municipal.
O PPL, que conta com o vereador Miguel Bianchini, é o verdadeiro partido do "eu sozinho", pois ainda não conta com diretório municipal constituído, mas é um forte candidato, caso consiga fortalecer sua legenda partidária ou coligar-se a outro partido. Também poderá migrar para outra grei partidária ou buscar a reprodução da aliança com o PT, a exemplo do que ocorreu na eleição anterior e, assim, tentar empalmar a candidatura majoritária.
O PMDB, com dois vereadores, é a segunda legenda mais bem estruturada em Santiago, tem bons quadros para o Legislativo e Executivo. Destacaria os nomes do Renato Cadó, Antônio Diniz Cogo, José Carlos Ourique. João Carlos Gindri e Eunice Viero, todos bem relacionados e reconhecidos na comunidade em suas diversas atividades políticas e profissionais que exercem.
No PP, partido majoritário na Câmara de Vereadores e no exercício continuado no Poder Executivo, nos últimos 18 anos, os nomes aventados por suas assessorias oficiosas de comunicação apontam para o do atual vice prefeito, Antônio Carlos Gomes; o secretário de Governo, Thiago Gorski Lacerda; o diretor da URI, Francisco Gorski e o administrador do Hospital de Caridade, Ruderson Mesquita Sobreira. Corre por fora o conselheiro Marco Peixoto, sem filiação partidária e que, segundo dizem, estaria disposto a requerer aposentadoria do TCE para concorrer a prefeito, providência está que deverá ocorrer até cinco de outubro de 2015, prazo hábil necessário para refiliação partidária e indispensável à participação no pleito. A disputa interna será renhida, reavivando as históricas disputas das três sublegendas da ARENA, lideradas pelos grupos Cardinal/Sagrilo, Valdir Amaral Pinto e do grupo da Tritícola, historicamente representado pelo ex-vice-prefeito (de José Carlos Jornada de Medeiros) e atual vice-prefeito, Antônio Carlos Gomes, respectivamente. Hoje, todos esses grupos estão acomodados no PP e têm conseguido coexistir pacificamente nos últimos 30 anos. Fica muito claro para qualquer observador que conheça a história política de Santiago que Francisco Assis Gorski representa o grupo de Valdir Pinto; Antônio Carlos Gomes, o grupo da Tritícola, e Ruderson Sobreira o de Irmo Sagrilo. Fica patente que o nome do jovem e inteligente secretário, Thiago Lacerda, é uma aposta autônoma do prefeito atual, que tenta, assim, romper esse sistema político que engessou a sua administração e as anteriores. Outra novidade no PP? Seria o surgimento do nome do secretário Tadeu Machado, que recebe de seu partido a primeira oportunidade de mostrar o seu valor e pode crescer muito no conceito da população, se conseguir apoio para desempenhar satisfatoriamente o cargo que ocupa no Meio Ambiente.
E o PSDB, que não tem mais acento no legislativo, conta com bons nomes no seu quadros de filiados, Ivana Flores, Adair Bazana, José Atílio Tamiosso, Natal Kúbiça, Marlene Bazana e Pedro Bassin, certamente são profissionais acreditados e reconhecidos na comunidade pela competência, espirito público correção nas suas ações e atividades e que honrariam muito os santiaguenses no exercício de funções no Poder Executivo de Santiago.
Outros partidos com representação em Santiago, como o PV, PSB, PPS, DEM não me consta que tenham estrutura partidária e pretensões de indicar candidatos para o Executivo. Talvez o PSB, em função da forte representação que assume no meio rural, em âmbito estadual, especialmente, junto ao público da agricultura familiar, possa surpreender com seu fortalecimento local, indicando uma candidatura competitiva ao Executivo municipal.
Esse é o cenário que percebo, hoje, em plena Copa do Mundo, que anestesia os debates políticos, distanciando por alguns dias nossas atenções do realismo do cotidiano e arrefecendo os ânimos nos embates interpartidários. Logo depois da Copa, nossas atenções e energias estarão voltadas para as eleições gerais. Adversários de ontem estarão buscando votos juntos para os mesmos candidatos, como também aliados de ontem estarão disputando votos nos mesmos estratos sociais que os elegeram. A individualidade dos partidos será mantida apenas nas eleições proporcionais, em função das disputas para os cargos de deputados estadual e federal.
As evidências são de que a população de Santiago pode fazer escolhas de seus representantes a partir de uma plêiade de conterrâneos, de diversos partidos, que possuem conceito pessoal, profissional, competência gerencial, espirito público, conduta ilibada e que, seguramente, se diferenciam dos possíveis candidatos do PP no quesito visibilidade na mídia. Pessoalmente não tenho nenhuma restrição a pessoas, a qualquer um dos nomes que relacionei, mas certamente tenho divergências ideológicas e programáticas com muitos deles, o que é perfeitamente compreensível e absolutamente normal.
Creio que as eleições de 2016 deverão ser pautadas por propostas concretas e sintonizadas com os reais interesses da nossa gente, aliada à capacidade de convencimento de que são exequíveis, pois serão os critérios mais importantes para a decisão do eleitor. Os nomes dos candidatos são essenciais, mas não decisivos na hora do voto.
As possíveis coligações poderão ocorrer, mas não mais na aquela ideia antiga e superada de nós "contra contra eles", que na verdade poucas vezes se concretizou no âmbito das oposições. Os eleitores estão mais conscientes, as coligações fisiológicas e impensáveis que se estabeleceram nas bases de apoio do governo Federal e dos Estados produziram, como consequência, o desmantelamento das concepções ideológicas norteadoras dos programas partidários. Não há mais fidelidade partidária, porque os atuais partidos brasileiros não são mais fiéis aos seus filiados.