A plantação de pinus ao longo da BR 287, na metade
da década de 1970, tinha entre seus objetivos, além do aspecto paisagístico (de
gosto discutível), repor a vegetação nativa, arbustiva e arbórea, removida para
a construção da estrada e também funcionar como sinalização verde para o trecho, repleto de ondulações e curvas. As árvores foram implantadas em locais que supostamente
não colocariam em risco o tráfego de veículos em qualquer situação, em
conformidade com as normas emanadas do Código Nacional de Trânsito.
O que aconteceu depois
do plantio?
1) A espécie arbórea
utilizada, embora exótica, se adaptou rapidamente ao meio e suas sementes se
multiplicaram naturalmente em milhares de novas plantas, de forma desordenada
ao longo do traçado da rodovia, dominando amplamente a cobertura vegetal e,
assim, impedindo a possível regeneração plena da vegetação nativa pré-existente.
2) Durante os
primeiros anos (10 a 20 anos) os órgãos responsáveis pela conservação da
rodovia, DNER/DNIT não realizaram adequadamente serviços de manutenção, exceto precariamente
na pista de rolamento, e absolutamente inexistiu restauração na faixa de domínio.
Todos os usuários da rodovia lembrarão da sua má conservação em diversos
períodos, entre os anos de 1980 e 2010;
3) A falta de
manutenção na faixa de domínio da rodovia, que ficou caracterizada pela não remoção
sistemática da vegetação arbustiva, que crescia abundantemente ao longo do
traçado, reduzindo a visibilidade nas ultrapassagens e, em muitos lugares, ainda
dificultando o uso do acostamento e das áreas de escape, em casos de emergência.
Esta foi a principal causa do surgimento exuberante de árvores (pinus principalmente e outras espécies)
de médio e grande porte nas proximidades do leito da rodovia e na faixa de
domínio, pois se não foram removidas quando se confundiam com as demais
espécies nativas, também não o foram quando atingiram o porte arbóreo atual.
O que fazer agora?
1) Manter a vegetação existente, estabelecendo um rigoroso
controle de velocidade no percurso e instalação de equipamentos que preservem a segurança
dos usuários da rodovia, preservando, assim, o túnel verde que a natureza se
encarregou de formar, graças à incúria
dos órgãos rodoviários, mas que, inegavelmente, confere um aspecto paisagístico
de beleza singular e que justifica em muito as reações contrárias ao
"corte dos pinus"; e,
2) A outra medida
seria a remoção seletiva das plantas que se desenvolveram na área construtiva
da estrada - acostamento, aterros, taludes de proteção da faixa de rolamento - e nas áreas de escape da
faixa de domínio, que efetivamente contribuam para a segurança no trânsito, restabelecendo
as medidas de segurança prescritas no Código Nacional de Trânsito.
O debate jurídico e ecológico que se trava nesse momento, na nossa comunidade, não
pode deixar de considerar a premissa de que ao implantar a rodovia BR 287 foi
necessária a realização de uma verdadeira agressão ao meio ambiente natural, com
remoção de áreas florestais, de campo nativo, escavações de solo, subsolo e remoção de
rochas para construção de aterros, terraplenagem, além do deslocamento de espécies
animais de seu habitat natural. Foi o preço pago pelo progresso?
Agora se trata de uma questão bem menor, a meu juízo, a
remoção ou não de espécies exóticas (pinus) que impactaram o ambiente construído originário
da rodovia, pela ação deliberada inicialmente da mão humana.
Há diferenças consideráveis,
portanto, sobre o impacto ambiental de ontem e de hoje, mas a importância da rodovia
ainda permanece a mesma.
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