segunda-feira, 10 de maio de 2010

O transporte ferroviário aumenta no País

O Jornal o Estado de São Paulo publica interessante notícia sobre a concentração do transporte ferroviário no Brasil, afirmando que poucos setores da economia conseguem aproveitar a malha ferroviária brasileira. Destacando que, até o ano passado, apenas dez produtos somavam 91% de tudo que era transportado pelos trilhos. O minério de ferro representou 74,37% da movimentação total das ferrovias.

"Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, a concentração piorou nos últimos anos, pois em 2006, os dez principais produtos transportados representavam 88,91% da movimentação total, concentrado em apenas 10% da malha total, de 28 mil quilômetros (km). Apesar dos investimentos, de cerca de R$ 20 bilhões desde 1997, quase todos os produtos são a granel e destinados à exportação.

“Ele explica que é para eliminar distorções como essa que um novo modelo está em desenvolvimento para começar a funcionar a partir de 2012. A ideia é estipular metas de produtividade por trechos e produtos, que obrigarão as empresas a buscar novos mercados. "A capacidade excedente (entre a meta e a capacidade da ferrovia) será oferecida a um novo operador logístico."

Outra medida para ampliar o transporte ferroviário é recuperar trechos abandonados em locais onde há demanda. No momento, as concessionárias avaliam se continuam com as linhas ou não, diz Figueiredo. Em caso de devolução, a ANTT pode optar pelas short lines (pequenas linhas que complementam as grandes ferrovias), usadas nos Estados Unidos.”

Faço parte da geração de brasileiros que foi usuária do transporte ferroviário de passageiros e que conhecia a importância do transporte de cargas. Na adolescência, morava no interior do município de Bagé, hoje, Candiota, e este era o único meio de transporte coletivo de que dispunha para chegar à cidade mais próxima, Bagé ou Pinheiro Machado. Algumas vezes também utilizei-me do trem de passageiros para, em férias escolares, retornar de Porto Alegre à Bagé. Uma longa viagem, pois havia as baldeações em Santa Maria e Cacequi.

Os trens de passageiros sumiram, sobrevivem os trens metropolitanos, batizados de metrôs. Felizmente, a cada dia, cresce a sua importância nas grandes cidades brasileiras e em algumas regiões, como é o caso do nosso metrô de superfície que liga Porto Alegre à São Leopoldo, e chegará a Novo Hamburgo. Também cresce a importância da continuidade das obras da Ferrovia Norte-Sul, tão criticada no governo Sarney, que assume agora papel fundamental no transporte de cargas.

Décadas depois, em plena maturidade, tive a oportunidade de conhecer o sistema de transporte ferroviário em algumas cidades europeias. Percorrendo muitos quilômetros, em companhia de um grupo de prefeitos gaúchos, nos itinerários que interligam París (FR); Colônia, FranKfurt, Berlim (AL); Bruxelas (Bel); Roma e Milão (Ita); e a Zurich (Suiça) em trens de alta velocidade, confortáveis e absolutamente pontuais, fiquei profundamente impressionado com a organização, eficiência e grandiosidade do transporte ferroviário de passageiros existente na Europa.
Acreditava que a privatização das ferrovias brasileiras contribuiria para manter viva a esperança de que estas retomassem sua importância estratégica para o desenvolvimento do nosso país. Não é aceitável que as precárias rodovias brasileiras continuem transportado a maior parte da produção, tanto de bens de consumo, quanto de produtos para a exportação, além da esmagadora maioria dos passageiros usuários do transporte coletivo. Isso tem um alto preço nos custos de produção e na qualidade de vida dos brasileiros.


Na verdade, como as privatizações de ferrovias não atingiram os resultados desejados, talvez seja necessária maior intervenção do poder público na definição de prioridades estratégicas para o país e a combinação de investimentos públicos com investimentos privados, nos moldes das PPP’s, parcerias público-privadas, instituídas na legislação brasileira.
Fonte: Agência Estado de São Paulo

Um comentário:

Escrivinhadora disse...

Concordo. Em 2008 encontrei um colega que me disse que a governadora tinha um projeto de reativação/incentivo da malha ferroviária no RS. Depois, não ouvi mais nada a respeito. Terá sido reflexo da questão dos pedágios?