Nas proximidades do 1º Lajeado, em Santiago, foi fundada, em 1978, a empresa denominada Matadouro Bela União, por iniciativa de um grupo de comerciantes e açougueiros locais liderados pelos senhores Antônio Reginato, Alberto Ritter, Hermes Perazzolo, José Flores Pereira, Lidemar Manganeli, Claro Terra e outros, com a finalidade de prestar serviços de abate e distribuição de carnes de bovinos, ovinos e suínos, para abastecimento do mercado de Santiago. A medida foi necessária em função da desativação do Matadouro Municipal de Santiago, que funcionava no local onde hoje se localiza o parque de máquinas da Prefeitura.
A empresa prosperou, venceu inúmeras dificuldades burocráticas para legalizar as suas atividades comerciais, permanecendo como único proprietário o senhor Antônio Reginato, que conseguiu dar continuidade aos objetivos do empreendimento e, o que é digno de reconhecimento, organizar com mais de duas dezenas de empresários uma verdadeira rede de cooperação empresarial, singular no setor de carnes em Santiago e, acredito que também no Rio Grande do Sul.
A visão estratégica de Antônio Reginato, sua experiência como um dos proprietários do tradicional Açougue Cruzeiro, de produtor rural dono da Agropecuária Bela União, aliada à credibilidade e correção pessoal foi fundamental para formar a rede de parceria com os principais empresários do setor de alimentação que atuam em Santiago.
Posteriormente, alterou sua razão social para Frigorífico Bela União Ltda., em decorrência do ingresso de seu filho, como sócio, o engenheiro agrônomo Nardeli Reginato, garantindo assim a continuidade da empresa familiar e a energia vital indispensável para avançar e crescer no ramo industrial agropecuário.
Na atualidade o abatedouro está em expansão de suas atividades, visando ampliar a capacidade de abate para atender a demanda dos parceiros tradicionais e de novos oriundos de municípios da região. Os Reginato estão investindo mais de 400 mil reais de recursos próprios, em melhorias e reformas nas instalações em geral, desde plataforma de abate; nova câmara fria; aquisição de novos equipamentos para modernização dos processos de manipulação das carcaças e vísceras comercializáveis; facilitar e agilizar o descarte dos resíduos que são retirados diariamente por uma empresa especializada. Todas as ações estão sendo realizadas com orientação técnica especializada e em conformidade com a legislação federal, estadual e municipal que disciplina e controla os estabelecimentos do gênero.
A natureza dos serviços empreendidos pelo Frigorífico é regulamentada, aprovada e fiscalizada pela Inspetoria de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Rio Grande do Sul que, em Santiago, é de responsabilidade do servidor médico veterinário Gilberto Guerin, que garante a qualidade dos animais abatidos, mediante vistoria diária prévia na mangueira, com o descarte dos animais sem condições adequadas de sanidade e, logo após, realiza a inspeção clínica das carcaças e vísceras, conferindo ou não o atestado de sanidade para a carne e vísceras comercializáveis (coração, fígado, rim e língua), assegurando assim, a oferta de carne de qualidade para o consumo humano. É importante destacar que todos os resíduos, exceto o couro, são retirados no mesmo dia do abate, por uma empresa especializada, evitando assim a disseminação de insetos, maus odores e contaminantes para o meio ambiente.
O Frigorífico Bela União atende a mais de 25 empresas que possuem pontos de venda de carne em suas atividades comerciais em Santiago, compreendendo três grandes supermercados, dezenas de outros mercados de médio e pequeno porte, mercearias e açougues localizados em praticamente todos os bairros da cidade, além de também prestar serviços de abate para uma empresa que faz a distribuição de carnes no município de São Francisco de Assis. Portanto, os mercados e açougues da nossa cidade vendem carne diretamente para o consumo com o carimbo da inspeção sanitária estadual, o que assegura garantia de qualidade desde que as condições de conservação no interior dos pontos de venda também atendam às normas previstas na legislação vigente. A carne é produto altamente perecível, qualquer descuido com a higiene nas instalações internas dos pontos de venda, nos procedimentos de manejo e manipulação e no controle da temperatura dos balcões e câmaras frias, pode anular os cuidados adotados na origem do produto. A inspeção nos pontos de venda é de responsabilidade do Serviço Municipal de Vigilância Sanitária.
O procedimento empresarial padrão realizado pelo Bela União é de prestação de serviço especializado, que promove a integração do produtor rural com a rede varejista responsável pelo abastecimento direto da população, proporcionando agilidade e racionalização de custos na oferta de carne fresca de boa qualidade para o consumo doméstico.
Os comerciantes selecionam e adquirem os animais - muitos são criadores ou invernadores -, entregam na mangueira do Bela União, mediante a emissão da nota fiscal de produtor, o Bela União processa o abate, após as devidas inspeções sanitárias já referidas anteriormente, separa a carcaça em duas partes e, junto com as vísceras comercializáveis, armazena na câmara fria, pelo prazo de 24 horas. Após, é feita a entrega dos produtos nos pontos de venda dos respectivos proprietários dos animais, em caminhões frigoríficos da empresa. Esse sistema integrado de parceria e cooperação existe desde a fundação do Matadouro.
A receita do Bela União é proveniente da cobrança de uma taxa de serviço fixa por animal abatido, e da retenção do respectivo couro como complementação à remuneração dos serviços prestados.
Os dados fornecidos pela Inspetoria de Defesa Agropecuária Santiago registram o abate de 16.400 cabeças de bovinos em 2013. Deste total de animais inspecionados, o Matadouro Bela União foi responsável pelo abate de 8.085 bovinos e bubalinos, estes em pequena escala, sendo que 600 bovinos são procedentes de São Francisco de Assis, além de 1.015 ovinos e 314 suínos.
Segundo declarações dos proprietários do Bela União, a maior parte da carne consumida pela população de Santiago é de boa qualidade, em razão da existência de dois abatedouros sediados no município que são fiscalizados pelo Estado, embora também haja outros frigoríficos de fora que abastecem alguns supermercados, e o que eles destacam como muito importante, a concorrência existente entre os varejistas em oferecer a melhor carne para os consumidores, não somente no aspecto sanitário como também na qualidade em maciez, marmoreio e cobertura de gordura. Lembram, ainda, que há, por parte de seus clientes, uma criteriosa seleção dos animais que são enviados para o abate, o que assegura desde a origem a oferta de carne com excelente padrão de qualidade.
Quanto ao mercado clandestino de carne in natura, proveniente de animais abatidos sem os devidos cuidados sanitários e sem procedência conhecida, comenta o empresário que não se poder estabelecer quantitativos reais, pois há que se considerar que o autoconsumo de carnes de bovinos, ovinos, aves, e suínos também é muito significativo em Santiago, mas acredita que esse percentual de carnes sem origem conhecida não ultrapasse a 15 por cento.
Nos arquivos da Inspetoria Veterinária local, relativo ao ano de 2013, estão cadastradas 3.394 propriedades e 3.408 criadores de bovinos, além de 1.221 criadores de ovinos. E os rebanhos perfazem 199.797 bovinos e 77.971 ovinos no território de Santiago.
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