“Atual modelo de democracia representativa está esgotado”, afirma Manuel Castells
Sentimento de indignação e revolta diante de uma injustiça
provoca a articulação das pessoas pelas redes, diz Castells | Foto: Ramiro
Furquim/Sul21
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Um dos principais estudiosos contemporâneos dos movimentos sociais na
era da internet, o sociólogo espanhol Manuel Castells esteve em Porto
Alegre na noite desta segunda-feira (10), onde promoveu uma palestra
sobre o tema no ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, no Salão
de Atos da UFRGS. Durante uma hora, a língua serena e afiada do
intelectual não poupou governos, partidos e organizações ao demonstrar
que o atual modelo que entendemos como democrático está esgotado.
Manuel Castells pontua que as novas formas de manifestações —
auto-convocadas e articuladas através das redes sociais — demandam uma
nova forma de participação dos cidadãos nos processos de decisão do
Estado. Ele observa que os atos sempre surgem através de uma emoção: a
reação indignada diante de algo que parece injusto. A partir daí, os
diversos sentimentos individuais unem-se pelas redes e ganham as ruas
pela ocupação de espaços públicos urbanos.
Para o acadêmico espanhol, essa foi a dinâmica que desenvolveu e vem
desenvolvendo protestos nos países árabes, na Espanha (com os
indignados), nos Estados Unidos (com as ocupações) e, mais recentemente,
na Turquia. “Depois da raiva provocada pela indignação, vem a emoção da
solidariedade e de nos relacionarmos com os outros frente ao perigo (da
repressão). Passar da indignação pessoal à ação coletiva é um processo
de comunicação. Neste caso, de comunicação em rede, que é instantânea e
transmite o local ao global”, explica.
O estudioso aponta um outro papel relevante da internet para o
fortalecimento deste tipo de mobilização: a divulgação veloz e
abrangente de imagens da repressão policial que as pessoas sofrem ao ir
para as ruas. “O detonante para (ampliar) esses movimentos foi a
divulgação na internet de imagens da repressão. Ocorre um processo de
identificação. E a transição da indignação à esperança ocorre após
deliberações em espaços autônomos – tanto o virtual quanto o espaço
público ocupado”, avalia.
Movimentos partem da rede para a ocupação do espaço público urbano
O sociólogo Manuel Castells traçou algumas características que considera
comuns entre os movimentos sociais contemporâneos que surgiram como
reação a situações de exploração em seus países. A ausência de
lideranças estabelecidas é uma consequência do formato horizontal destas
mobilizações. Ao mesmo tempo, ele observa que essa estrutura
descentralizada “maximiza a possibilidade de participação das pessoas e
dificulta a repressão”, além de afastar os movimentos da burocratização
interna."
Leia a íntegra do artigo sobre a palestra acessando o link, abaixo:
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