quinta-feira, 13 de junho de 2013

O FUTURO DOS JORNAIS IMPRESSOS


"Editor do Le Monde Diplomatique no Brasil: só jornais analíticos sobreviverão à internet

Rachel Duarte

O jornalista e editor do jornal Le Monde Diplomatique no Brasil, Silvio Caccia Bava defendeu a urgente democratização da mídia para uma futura comunicação de qualidade no Brasil. A pluralidade dos veículos de imprensa se torna vital, segundo ele, em uma sociedade que se diz democrática e ainda convive com um pensamento hegemônico reproduzido pela grande imprensa. “A sociedade brasileira viveu uma redemocratização e não pode mais estar limitada a uma ótica de interesses oligárquicos de grupos econômicos regionais, que detém concessões obtidas por meio de alianças no período autoritário”, afirmou.

Caccia Bava participou do debate sobre ‘O Papel da imprensa na formação da identidade metropolitana’, no III Fórum de Autoridades Locais de Periferia, em Canoas. Ele defendeu seu ponto de vista ao lado do diretor de Jornalismo do Grupo Bandeirantes no RS, Renato Martins; do diretor de Redação do Correio do Povo, Telmo Flor; do repórter e editor da Zero Hora, Rodrigo Lopes; do editor-chefe do Grupo Sinos Jeison Rodrigues; e do diretor de Comunicação Javier Perez, que veio de Bilbao (Espanha) para participar do evento.

Segundo Bava, a informação chega à sociedade atualmente parte de um pensamento único pautado por Folha de São Paulo, O Globo, Estadão e outros importantes jornais regionais. “Eles dão um sentido editorial que é recodificado para televisão, rádio e jornais menores depois. Mas a linha de pensamento e apuração do fato parte do que foi feito por estes veículos, portanto, com o olhar deles. Precisamos ser mais plurais”, reforçou. E exemplificou: “Eu vejo a imprensa brasileira preocupada em discutir a redução da maioridade penal sendo que apenas 1% dos jovens com menor idade estão envolvidos no mundo do crime. Esta é uma boa notícia?”.

Diante do surgimento das novas mídias e dos novos formadores de opinião nas redes sociais e blogues, o editor do Le Monde no Brasil defende que não estamos próximos ao fim do jornal impresso. Para ele, o momento de transformação do modelo de comunicação pode proporcionar o surgimento de um jornalismo necessário para a sociedade. “A imprensa que noticia o fato tende a diminuir porque já temos o fato acessível na internet. A imprensa mais analítica, que traz referências para se pensar os fatos, tende a crescer. É como diz o slogan do nosso jornal: Informação é importante, mas a análise é fundamental”, disse."

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