sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O futuro do trabalho

A Revista Época* publicou reportagem intitulada "O Futuro do Trabalho", destacando mudanças no perfil dos trabalhadores, especialmente em carreiras de consultores, cientistas, engenheiros, médicos, advogados, empresários, programadores e artistas, geralmente concentrados em grandes centros urbanos. Conforme apurado na reportagem, os profissionais de hoje, principalmente os mais jovens e talentosos, não pensam mais em fazer carreira numa grande empresa e parecem cada vez mais próximos do mundo prognosticado pelo guru dos negócios Tom Peters, que cunhou a expressão "a marca chamada você", onde, segundo defende, as pessoas serão as únicas responsáveis pela própria carreira, imaginando-a como uma sucessão de projetos. E a questão essencial que parece fundamentar essa mudança de comportamento são pesquisas recentes com jovens recém formados que elegeram, como meta principal, uma maior qualidade de vida, mostrando que a questão financeira já não figura em primeiro lugar entre os objetivos buscados pelos trabalhadores, mas sim àquelas não-econômicas, como liberdade, satisfação e realização pessoal, ou seja, ser dono do próprio tempo.

Ainda, segundo o artigo, boa parte dessa nova categoria de profissionais não tem emprego formal, com função, local e horário definidos e organiza suas tarefas e ganhos por meio de projetos, a partir de suas aspirações.

A título de ilustração, a revista citou o exemplo de uma pequena empresa fundada há menos de dois anos em São Paulo, especializada em imagem de marcas, a Capital Pessoal. A equipe fixa da empresa é de apenas 14 funcionários - cada um de uma área diferente (designer, cineasta, psicólogo) - e para cada trabalho contratado, chama equipes diferentes para compor o projeto, pagas por tempo determinado.

Acredito que essa tendência vem para ficar e ainda vai crescer muito, mas lamento o fato de que embora as relações de trabalho estejam sofrendo alterações significativas nos últimos anos, não estão sendo devidamente analisadas por legisladores, juízes e advogados, que ainda se mantém fiéis à leis e ao contexto econômico e social do início da década de 50, quando editada a Consolidação das Leis Trabalhistas.

Dayana Pessota Leite

* Revista Época de 19.11.2007, págs.66/75

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